janeiro 23, 2008

Espiritualidade, Mística e Religião


Espiritualidade

O professor e doutor em teologia e filosofia, Leonardo Boff, afirma: "Espiritualidade é aquilo que produz no ser humano uma mudança interior". É um caminho de transformação. E acrescenta: "A espiritualidade vive da gratuidade e da disponibilidade, vive da capacidade de enternecimento e de compaixão, vive da honradez em face da realidade e da escuta da mensagem que vem permanentemente desta realidade. Quebra a relação de posse das coisas para estabelecer uma relação de comunhão com as coisas".

A espiritualidade é uma dimensão do ser humano. Não é monopólio de nenhuma religião. Nem depende de religião alguma. Embora a religião seja o seu lugar natural.


Mística

Mística é uma dimensão do ser humano. É o que dá impulso à vida, alimenta as energias vitais para além do princípio do interesse, dos fracassos e sucessos. Tanto a espiritualidade quanto a mística pertencem à vida em sua integralidade.

Para Boff, "a mística é a própria vida tomada em sua radicalidade e extrema densidade. Cultivada inconscientemente, confere à existência sentido de gravidade, leveza e profundidade. A mística sempre nos leva a suspeitarmos que, por trás das estruturas do real, não há o absurdo e o abismo que nos metem medo, mas vigem a ternura, acolhida, o mistério amoroso que se comunica como alegria de viver, sentido de trabalhar e sonho benfazejo de um universo de coisas e pessoas confraternizadas entre si (...)". A mística vem do coração, não da razão.


Religião

Carl Gustav Jung entendia a religião como uma atitude do espírito humano. Para ele, tal atitude é responsável por levar o ser humano à consideração e à observação cuidadosa de alguns fatores dinâmicos, como espíritos, demônios, deuses, leis, idéias, ideais. Afirmava que "o termo 'religião' designa a atitude particular de uma consciência transformada pela experiência do numinoso", ou seja, inspirado ou influenciado pelas qualidades transcendentais do divino.

Como mestre de psicologia do profundo, Jung atribuía considerável relevância à religião no processo de individualização dos seres humanos à medida que trabalha grandes sonhos e projeta grandes esperanças. Dizia que a religião está na raiz da mística e da espiritualidade.

Fonte: Texto extraído da matéria "O Budismo e as Religiões Afro-Brasileiras". Revista Terceira Civilização. São Paulo, ed. 472, Dezembro, 2007.

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